MÚSICA

Milton Nascimento e o desrespeito do Grammy: Um erro inaceitável

Exclusão do cantor brasileiro da área principal da cerimônia gera revolta e levanta questionamentos sobre o tratamento dispensado a artistas internacionais
Milton Nascimento - Foto: Instagram @miltonbitucanascimento

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O Grammy Awards 2025, realizado no último domingo (2), em Los Angeles, deveria ter sido uma celebração da música em sua diversidade e grandiosidade.

No entanto, a cerimônia ficou marcada por um episódio lamentável: a exclusão de Milton Nascimento da área principal do evento, onde estavam os artistas indicados.

O fato gerou uma onda de indignação, amplificada pelo protesto de Esperanza Spalding, parceira do cantor no álbum “Milton + Esperanza”, concorrente na categoria de Melhor Álbum de Jazz com Vocal.

Spalding, reconhecida contrabaixista, cantora e compositora norte-americana, manifestou publicamente sua revolta ao comparecer à cerimônia segurando um cartaz com a imagem de Milton e a frase:

“This living legend should be seated here” (“Esta lenda viva deveria estar sentada aqui”). O gesto deixou claro que a ausência do brasileiro em um lugar de destaque não foi uma falha qualquer, mas sim um desrespeito a um dos maiores nomes da música mundial.

A grande questão que se impõe é simples: se o álbum indicado é uma colaboração entre Milton Nascimento e Esperanza Spalding, por que apenas ela teve direito a um assento na área principal do evento? Milton não foi um convidado do projeto, mas sim um dos pilares da criação do disco.

Milton Nascimento e sua grande influência

Sua obra, que influenciou gerações e ultrapassou fronteiras, é a essência do álbum. Negar-lhe um assento é negar a relevância de sua contribuição.

O Grammy, ao longo dos anos, tem sido alvo de críticas por suas falhas na representação de artistas não anglofónicos. Episódios como este apenas reforçam a percepção de que o evento ainda peca ao reconhecer devidamente a música em sua pluralidade global.

Milton Nascimento, aos 82 anos, é um dos nomes mais respeitados da música brasileira e internacional. Sua trajetória inclui colaborações históricas com lendas do jazz, como Wayne Shorter, além de um Grammy conquistado em 1998 pelo álbum “Nascimento”.

A exclusão de um artista dessa magnitude de um espaço que lhe era devido não é apenas uma falha logística: é um equívoco simbólico e institucional.

Ainda que “Milton + Esperanza” não tenha vencido a premiação, a polêmica transcende o resultado. O que está em jogo é o reconhecimento e o respeito devido a artistas de todas as partes do mundo.

O Grammy deve uma explicação e, mais que isso, uma retratação a Milton Nascimento, um verdadeiro embaixador da música brasileira no mundo.

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