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SAFRA PODRE

Novos gestores de grupo em crise bilionária acusam TJ de MT de “fábrica de sentenças”

Antigos sócios repudiaram postura de fundo em petição
Dilceu Rossato e Pedro de Moraes Filho

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O racha entre os antigos sócios e os atuais administradores do Grupo Safras, que acumula cerca de R$ 2 bilhões em dívida, se tornou explícito em manifestação protocolada no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). Os fundadores da companhia, Dilceu Rossato e Pedro de Moraes Filho, apresentaram petição no âmbito do Agravo de Instrumento para se desvincular das acusações feitas pelos novos gestores contra magistrados do Estado.

O episódio escancara o desentendimento entre as partes e aprofunda a crise societária que já marca a trajetória recente do grupo, que hoje é gerido pelo fundo AGR I, constituído pela AM Agro e administrado pela Yards Capital. Esse fundo assumiu 60% do controle do grupo, e sua gestão está à frente da reestruturação e tomada de decisões estratégicas desde então.

Segundo os ex-donos do grupo, embora não possam mais representar formalmente a Safras, acompanharam o agravo interposto em nome da empresa e entenderam ser indispensável registrar sua posição diante do conteúdo da peça. Eles afirmam que não pretendem interferir no processamento do recurso, mas apenas defender sua honra e os valores institucionais que dizem sempre ter pautado sua atuação.

A divergência surgiu porque os atuais administradores da Safras, ao recorrerem ao TJMT, lançaram acusações diretas contra o Poder Judiciário. “A fábrica de compra de sentenças judiciais na Justiça do Mato Grosso continua a operar mesmo após a deflagração da operação Sisames e a imposição de medidas restritivas, bem como continua a abastecer as contas bancárias da quadrilha e de magistrados do judiciário”, diz trecho do agravo.

Para Dilceu e Pedro, esse tipo de colocação extrapola os limites de um debate processual legítimo e representa um grave ataque à integridade da magistratura. “Os trechos afrontosos são absolutamente inadmissíveis. Os peticionários rechaçam expressamente tais alegações ofensivas contra qualquer agente do Poder Judiciário e reforçam a confiança que têm na soberania do Poder Judiciário e do Estado Democrático de Direito”, registraram.

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Os sócios fundadores pediram ao TJMT que seja consignado nos autos que eles não anuíram, não autorizaram e não concordam com as acusações feitas contra magistrados, reiterando que as declarações partem exclusivamente dos atuais controladores do Grupo Safras. Também solicitaram que, no momento do julgamento, os desembargadores desconsiderem integralmente os trechos ofensivos, analisando apenas o mérito jurídico do recurso.

Segundo a manifestação, embora reconheçam a importância do agravo em si, Dilceu e Pedro se sentiram constrangidos com o conteúdo das acusações lançadas pelos novos gestores e querem deixar claro seu afastamento de qualquer tentativa de confrontar o Judiciário com alegações sem provas. O Grupo Safras vem atravessando um processo turbulento na Justiça.

DISPUTA

A empresa ingressou em 2025 com pedido de recuperação judicial estimada em quase de R$ 2 bilhões, medida inicialmente deferida pelo Judiciário. Pouco tempo depois, porém, a recuperação foi suspensa em razão de questionamentos levantados pelo Ministério Público, que apontou indícios de irregularidades e requereu investigação por possível fraude.

O episódio expôs a fragilidade do processo e abriu uma sequência de decisões desfavoráveis. Outro ponto de grande impacto foi a perda da posse da fábrica de Cuiabá, após decisão de reintegração em favor da Carbon Participações.

Oficiais de Justiça chegaram a cumprir o mandado acompanhado por representantes da credora, encontrando a unidade sem energia elétrica em razão de inadimplência milionária junto à concessionária. A retomada do imóvel consolidou uma derrota significativa para o grupo, que vinha usando a unidade como um de seus principais ativos no plano de recuperação.

Além desses fatos, surgiram ainda suspeitas sobre a utilização de fundos de investimento, como o Fundo Bravano, em possíveis operações de blindagem patrimonial, levantando novas dúvidas sobre a real transparência da condução financeira do conglomerado. Em paralelo, o próprio Ministério Público requereu investigações mais amplas diante do risco de manobras fraudulentas.

Esse conjunto de episódios, somado agora à divergência entre fundadores e atuais administradores, ilustra um cenário de instabilidade crescente.

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