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AUDIÊNCIA PÚBLICA

Justiça do Trabalho ouve sociedade sobre uso do glifosato no campo

A audiência pública foi determinada pelo relator do Incidente de Assunção de Competência (IAC), desembargador Aguimar Peixoto, como etapa prévia ao julgamento da tese pelo Pleno do Tribunal
Justiça do Trabalho ouve sociedade sobre uso do glifosato no campo - Foto: Reprodução

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Com contribuições técnicas, científicas e sociais para subsidiar o julgamento sobre o uso do glifosato em lavouras de Mato Grosso, o Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso (TRT/MT) realizou, nesta terça-feira (19), uma audiência pública para debater a legalidade do herbicida no contexto das relações de trabalho. Ao todo, 15 expositores trouxeram uma série de questões discutidas no processo.

A audiência pública foi determinada pelo relator do Incidente de Assunção de Competência (IAC), desembargador Aguimar Peixoto, como etapa prévia ao julgamento da tese pelo Pleno do Tribunal. Ao dar boas-vindas aos presentes, o magistrado destacou que as discussões da audiência pública são essenciais para o julgamento da ação. “Não queremos decidir a questão sem a colaboração da sociedade por meio dos segmentos organizados”.

Para a presidente do Tribunal, desembargadora Adenir Carruesco, a audiência pública é a prova da maturidade necessária para debater temas atuais. “Nós buscamos definir os parâmetros para que o direito se consolide, não apenas em termos de segurança jurídica, mas também de efetivação da justiça social. Valorizar a contribuição da sociedade e assegurar a participação de diversos setores sociais são pilares fundamentais para o fortalecimento do Poder Judiciário”.

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A coordenadora do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Disputa (Nupemec) do TRT/MT, desembargadora Beatriz Theodoro, destacou a importância de escutar todos os interessados no tema. “A realização deste ato coletivo representa em si um exercício de cidadania. O Tribunal dá concretude à noção de que o direito não pode ser elaborado em gabinetes fechados, mas deve ser construído com interação constante com a realidade concreta”.

As discussões foram transmitidas ao vivo pelo YouTube do TRT/MT. Assista na íntegra neste link. 

Debates

Entre os pontos debatidos estiveram a legitimidade das entidades no polo passivo da ação para representar os produtores rurais do estado, o grau de representatividade dessas organizações no meio agrário e o uso do glifosato nas atividades produtivas — incluindo a frequência de aplicação e os cuidados exigidos, como o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs).

Também foram discutidos os possíveis impactos à saúde dos trabalhadores rurais, a confiabilidade de estudos científicos sobre os riscos do produto, a compatibilidade climática de Mato Grosso com o uso seguro do herbicida e a existência de alternativas eficazes ao glifosato.

Uso do Glifosato

O Incidente de Assunção de Competência (IAC) é um desdobramento de uma Ação Civil Pública ajuizada em 2019 pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público do Estado (MPMT). A intenção é buscar a proibição do uso do herbicida glifosato em Mato Grosso. A ação é movida contra três entidades representativas do setor agrícola: Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e Associação Mato-grossense do Algodão (Ampa).

A controvérsia jurídica gira em torno de dois pontos principais: a possibilidade do judiciário trabalhista decidir sobre a proibição do uso de um produto autorizado pela Anvisa e a amplitude da legitimidade passiva em ações “duplamente coletivas”, como a presente. Ou seja, se os efeitos da decisão podem se estender a todos os produtores representados pelas entidades, mesmo que não sejam partes diretas na ação.

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