A Câmara Municipal de Cuiabá, ao longo dos anos, tem aprovado leis que reforçam o amparo e a valorização de iniciativas voltadas às mulheres em tratamento contra o câncer de mama. Um exemplo disso é a Lei nº 5.380/2013, que declara de utilidade pública a Associação MT Mamma – Amigos do Peito.
O MT Mamma é uma entidade sem fins lucrativos que atua no apoio, combate e conscientização do câncer de mama em todo o estado de Mato Grosso. Com 16 anos de existência, a instituição sobrevive exclusivamente do trabalho voluntário, seja por meio de doações financeiras, de tempo ou de serviços especializados.
Somente em 2025, a associação já atendeu 129 mulheres, das quais cerca de 80 frequentam mensalmente o local, em Cuiabá. O espaço funciona como um refúgio de acolhimento e fortalecimento emocional, oferecendo atividades terapêuticas semanais, como reiki, meditação, yoga, dança, artesanato e grupo de lanche, sempre conduzidos por voluntários, entre eles professores, terapeutas, advogados e psicólogos.
Além da atenção às assistidas, a entidade também atua na defesa de políticas públicas para a saúde da mulher, com representação no Conselho Municipal e Estadual dos Direitos da Mulher.
A diretora social do MT Mamma Amigos do Peito, Gresiela Ramos, destaca que o principal propósito da associação vai além do acolhimento às mulheres em tratamento. “A nossa missão é conscientizar que o diagnóstico precoce salva vidas. Esse alerta constante sobre os cuidados com a saúde das mamas é o que faz com que o tratamento seja mais exitoso”, afirma a voluntária.
Para ela, o trabalho da instituição, reconhecido por leis municipais e estaduais, tem relevância social justamente por ampliar a discussão sobre a prevenção.“Buscamos a conscientização da sociedade como um todo. E é claro que isso extrapola, porque quando vemos uma assistida saindo do consultório, percebemos que ela precisa de outros cuidados, que vão além do tratamento de câncer”, completou Gresiela.
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Ela ainda reforçou como é o processo de acolhimento a essas mulheres.
“A atuação da associação começa no momento em que o tratamento médico termina e a paciente precisa de apoio emocional, social e humano para seguir em frente. Seja por meio das redes sociais, pelo WhatsApp, ou presencialmente na sede localizada na rua Manso de Pedroso, no bairro Jardim Petrópolis. O MT Mamma acolhe tanto mulheres em tratamento quanto familiares, oferecendo um espaço de escuta, cuidado e integração, onde cada pessoa é recebida com atenção e empatia”, completou.
Reforçando o compromisso com a causa, a Lei Municipal nº 6.210/2017 garante o direito das mulheres que passam por tratamento contra o câncer de mama. Entre as ações, de que sejam devidamente informadas sobre a possibilidade de realizar a reconstrução mamária gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A norma obriga hospitais, clínicas e consultórios, tanto do serviço público ou do setor privado, a deixarem placas visíveis com o aviso de que pacientes que sofrerem mastectomia têm direito à cirurgia reconstrutiva, conforme prevê a Lei Federal nº 9.797/1999. A medida busca ampliar o acesso à informação e assegurar que nenhuma mulher deixe de exercer esse direito por falta de orientação.
A poconeana Magna Cristina de Abreu, de 43 anos, descobriu o câncer de mama após anos de acompanhamento médico. Desde 2017, realizava exames de rotina a cada seis meses para monitorar quatro nódulos, até que, no fim de 2021, um novo exame revelou um quinto nódulo com características diferentes.
“Seis meses depois, quando repeti o exame, já havia mais de 16 nódulos iguais àquele quinto. Foi um susto muito grande, começou aquela correria, exames, encaminhamentos, e muito mais. Foi um período difícil, mas graças a Deus consegui superar”, relembra Magna, que passou pela cirurgia de retirada das mamas em 2023, na Santa Casa, e pela reconstrução mamária em 2024, no Hospital de Câncer de Mato Grosso.
Hoje, curada, Magna faz questão de reforçar a importância da informação e do acesso aos direitos das mulheres que enfrentam o câncer. “Eu sou muito desenrolada, corro atrás, pergunto, me informo. Mas conheci muitas mulheres que não sabiam que têm direito à reconstrução das mamas gratuitamente pelo SUS. Falta divulgação nos locais de saúde, e isso é fundamental. A gente já passa por uma provação tão grande, o mínimo é ter esse direito garantido e divulgado para todas”, finalizou.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), do Ministério da Saúde, a cada 100 mil mulheres em Cuiabá, 60,23 desenvolvem a doença, um índice superior ao registrado no Brasil, de 41,89 casos por 100 mil mulheres. Além disso, 53,3% dos diagnósticos no estado ocorrem em estágio avançado, enquanto a média nacional é de 39,5%.
De janeiro a 20 de outubro de 2025, o Hospital de Câncer de Mato Grosso (Hcan MT) 517 pacientes iniciaram terapias de quimioterapia e radioterapia no tratamento do câncer de mama na capital. Além disso, o serviço de mastologia realizou 259 cirurgias de mulheres.
























