A história de dona Clarice Gomes de Carvalho, de 104 anos, comoveu servidores e magistrados da 1ª Vara do Trabalho de Rondonópolis. Mesmo com as limitações da idade, ela fez questão pegar a estrada e comparecer pessoalmente à audiência que tratava do pagamento das verbas rescisórias do filho Arnivaldo, falecido em julho deste ano.
Acompanhada do filho Domingos Gomes de Carvalho, de 61 anos, dona Clarice saiu de Pedra Preta, a cerca de 30 km. Arnivaldo atuava em um frigorífico da região e morreu em decorrência de uma enfermidade. Solteiro e sem filhos, ele deixou como herdeira a mãe.
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Segundo relatou Domingos, a oficiala informou que a presença deles não era necessária, já que poderiam acompanhar a audiência de forma virtual. Ainda assim, decidiram comparecer. “A internet é muito instável na nossa cidade. Achamos melhor ir pessoalmente para evitar interrupções. E, sempre que possível, gostamos de trazer minha mãe para se movimentar e respirar novos ares”, contou.
Ao abrir a audiência, a juíza Camila Zambrano percebeu que a advogada e o preposto da empresa estavam conectados remotamente, mas não havia ninguém representando a parte do trabalhador. Antes de dar prosseguimento, decidiu verificar se, por acaso, os familiares estariam no fórum.
Ao abrir a porta da sala, a magistrada se deparou com dona Clarice e o filho Domingos, que aguardavam pacientemente no saguão do Fórum Trabalhista. “Os dois demonstraram tanto respeito pela Justiça do Trabalho que realmente fiquei emocionada. Foi um momento de profunda sensibilidade”, relatou a juíza. “Clarice manteve lucidez e serenidade, além de uma doçura encantadora. Apesar do contexto triste da perda do filho, os dois mostraram uma postura admirável, digna de reconhecimento”, afirmou.
Domingos e os irmãos se revezam nos cuidados com dona Clarice. “Ela é muito forte e saudável. Sofreu com a partida do meu irmão, mas temos conversado muito com ela, inclusive para que ela entendesse o motivo da audiência. Ficamos receosos de que se emocionasse demais, mas tudo correu bem. Fomos muito bem recebidos por todos, especialmente pela juíza Camila, uma pessoa muito gentil e atenciosa”, disse.
A longevidade, segundo ele, é uma característica da família. “Temos tios e tias que passaram dos 100 anos. Espero que minha mãe permaneça conosco por muito tempo”, diz orgulhoso.
Tribunal Amigo da Pessoa Idosa
O caso aconteceu poucos dias antes do Tribunal receber o Selo “Tribunal Amigo da Pessoa Idosa” do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A homenagem é um reconhecimento às ações de valorização e respeito aos direitos da população com mais de 60 anos.
























