Ao defender a não colocação de câmeras nas fardas dos policiais de Mato Grosso, o governador Mauro Mendes (União) disse que concordaria em adotar a medida se também puder colocar câmeras nos políticos, juízes, desembargadores e membros do Ministério Público.
“Quando a gente discute [o tema] câmeras em fardas, eu falo: ‘eu concordo’. Só que, nós vamos botar câmeras porque um ou dois policiais, ou 1% ou 2% cometem alguma coisa errada, vamos colocar câmeras em todo mundo pra vigiar todo mundo. Então tá bom, vamos colocar câmeras em todos os políticos, em todos os governadores, em todos os prefeitos, em todos os deputados estaduais. Ei, tem juiz que vende sentença, que foi flagrado vendendo sentença. Tem desembargador vendendo sentenças, tem gente do Ministério Público… então, vamos colocar câmeras em todo mundo também”, disparou.
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A Associação Mato-Grossense de Magistrados também se manifestou em nota oficial, considerando as declarações de Mauro Mendes como um ataque generalizado à ética e à integridade do Poder Judiciário.
Leia nota na íntegra:
NOTA OFICIAL
A Associação Mato-Grossense de Magistrados (AMAM) manifesta-se em relação às declarações feitas pelo Governador do Estado de Mato Grosso, Mauro Mendes, que, durante entrevista recente, atacou de maneira generalizada a ética e a integridade do Poder Judiciário, dos desembargadores e juízes, insinuando comportamentos incompatíveis com a honra das funções judiciais.
Tais afirmações são inaceitáveis e representam um grave desrespeito ao Poder Judiciário e aos agentes que diariamente trabalham para garantir a aplicação justa das leis e a manutenção do Estado de Direito. Comparar a atuação dos policiais com a de juízes e desembargadores ao mencionar casos de venda de sentença, a declaração foi não apenas infundada, como também lamentavelmente ofensiva a toda a classe jurídica e distorceu o propósito da justiça. Além de ofensivas, essas declarações minam a confiança da sociedade nas instituições democráticas e contribuem para o enfraquecimento da harmonia entre os poderes da República, essencial para o equilíbrio institucional.
A ética é um pilar fundamental para qualquer autoridade pública, e ataques generalizados não contribuem para a construção de um diálogo respeitoso e produtivo entre as instituições. A AMAM reforça que todos os poderes devem atuar em conformidade com os preceitos constitucionais, mantendo um relacionamento pautado pela urbanidade e pelo respeito mútuo.
Reiteramos nossa confiança no Poder Judiciário e nos magistrados que atuam com dedicação e imparcialidade para garantir os direitos de cada cidadão mato-grossense. Dito isso, a Associação informa que tomará as providências judiciais cabíveis a fim de não tolerar tentativas de deslegitimar as instituições que são pilares da nossa democracia.
Seguimos comprometidos em defender os princípios éticos, a separação dos poderes e a justiça em todas as suas formas.
Associação Mato-Grossense de Magistrados (AMAM)