A Polícia Federal afirmou, no relatório parcial sobre venda de sentenças do Superior Tribunal de Justiça
(STJ) apresentado nesta semana, que vai abrir uma nova frente de investigação para apurar a relação do
lobista de Mato Grosso, Andreson de Oliveira Gonçalves, com o grupo empresarial J&F, dono da JBS. Diálogos, transações financeiras e processos no STJ indicam que o lobista foi contratado para atuar para a J&F. Sua esposa, a advogada Mirian Ribeiro Gonçalves, também investigada no esquema de venda de decisões, foi constituída como advogada em diversos processos do grupo empresarial.
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Procurada, a JBS informou que os pagamentos são referentes a honorários e que o escritório não presta mais serviços à empresa. “Qualquer pagamento feito ao escritório se refere a honorários – êxito ou pró-labore – em processos da empresa. Todos os serviços possuem efetiva comprovação nos autos desses procedimentos. O escritório não presta mais serviços para a JBS”, disse a maior produtora de proteína do mundo. A defesa do lobista também foi procurada pela reportagem, mas não se manifestou
A PF cita um dos diálogos mantidos por Andreson a respeito dos serviços à JBS para reforçar a necessidade de investigar o caso. “No diálogo, além de mencionar cifras expressivas, denota-se que Andreson destacou que o processo estava ligado ao ‘pessoal do Sr. Zé Mineiro’, em referência a José Batista Sobrinho,
fundador da JBS, maior empresa do setor de carnes do mundo e pai de Joesley e Wesley Batista, empresários amplamente conhecidos por episódios de repercussão nacional”, diz a PF.
Em outra conversa, Andreson afirmou ter recebido R$ 19 milhões do grupo por causa da atuação em um processo no STJ. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ainda detectou transferências de R$ 15 milhões da empresa JBS para o escritório de Mirian.
“Diante da quantidade de informações que apontam para a relação de Andreson e Mirian Ribeiro com o Grupo JBS e a complexidade desses elementos probatórios, consigna-se que essa vertente será mais bem aprofundada em procedimento investigativo autônomo”, escreveu a PF.
As informações foram remetidas ao relator do caso, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin, que deve ainda deliberar sobre as novas frentes de apuração. Os irmãos Joesley e Wesley Batista já foram alvo de investigações dentro da Operação Lava Jato e fizeram até um acordo de delação premiada. O então diretor jurídico Francisco de Assis também aderiu ao acordo na época e disse ter feito pagamentos a um advogado com o objetivo de cooptar um procurador da investigação. Essas acusações posteriormente foram arquivadas na Justiça.