Não é de hoje que Graziella Moretto tem como bandeira o fim da objetificação do corpo feminino. O tema está associado à sua imagem desde o discurso que o ator Pedro Cardoso, seu marido, fez contra a nudez no cinema e na TV na pré-estreia do filme “Todo mundo tem problemas sexuais” no já distante 2008.
A atriz, de volta ao Brasil após uma temporada vivendo em Portugal, voltou a falar sobre o assunto e disse também que foi cancelada por colegas da classe artística ao se posicionar.
“Responsabilidade social não pode estar desassociado ao nosso trabalho. Eu digo isso como mulher. Quando eu me posicionei sobre a objetificação da mulher na mídia, da forma como ela é representada, eu fui super cancelada. Eu fui muito cancelada já na vida (risos). Sou cancelada com uma enorme frequência e foi pela própria classe artística”, disse Graziella no canal Embrulha Sem Roteiro, no YouTube.
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A atriz de 52 anos nega que tenha algum tipo de pudor em cena:
“Quem vai me ver no teatro em um minuto entende que eu não tenho esse tipo de pudor. O teatro que eu faço não é moralista. O que eu faço como atriz não está atravessado nesse tipo de moralismo caretinha: ‘a senhora não quer ficar pelada’. Eu estou falando de uma realidade de exploração, de um sistema todo organizado de fetichização do corpo da mulher. Aí quando você fala ninguém quer ouvir porque a gente sabe que paga um preço. Eu pago um preço todo dia. A partir do momento em que você se opõe a esse tipo de representação do seu corpo no audiovisual, fica desempregada. Você não tem trabalho”.
Graziella Moretto lembra que já cedeu a pedidos de tirar a roupa para algum papel, mas que começou a questionar essa “imposição”: “Eu fiz, eu tentei resistir e achei que não tinha mais que fazer. Passei por vários estágios e quando você vê hoje em dia as mulheres falando é porque faz parte, a pergunta é: faz parte? Para uma atriz continua sendo uma faca no pescoço. Se você não faz, não tem trabalho”.
Na época da polêmica, Pedro Cardoso estava lançando o filme “Todo mundo tem problemas sexuais”, de Domingos de Oliveira, e Graziella tinha acabado de filmar “Feliz Natal”, longa de estreia na direção de Selton Mello, com quem ela havia formado par na série “Os Normais”.
“O Pedro falou disse de outra maneira porque ele é homem. Era um assunto que eu estava vivamente interessada nessa época e a gente comentava muito. Principalmente pelo fato de o filme do Domingos ser um filme que se chamava ‘Todo mundo tem problemas sexuais’, que falava de sexo e da sexualidade o tempo inteiro e não tinha ninguém pelado. Nem no teatro nem no cinema. Não tinha nenhuma cena de nudez”.