"SEM USAR NADA"

Protagonista de filme exibido na Europa, Caio Macedo revela overdose após filmagens de longa

Exclusivo: artista de ‘Ruas da Glória’ sofreu efeitos psicossomáticos que o levaram ao coma;
Caio Macedo em cena com Alejandro Claveaux no filme “Ruas da Glória” – Foto: Ira Barillo Ira Barillo (Crédito:Ira Barillo)

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Estrela do filme nacional “Ruas da Glória”, em turnê de exibição pela Europa, Caio Macedo pode afirmar tranquilamente que é o tipo de ator que dá a vida pela arte — quase literalmente. Isso porque o artista se jogou de cabeça na pele do protagonista da história do longa, Gabriel — que mostra a realidade de garotos de programa do Rio de Janeiro, com o tema LGBTQIA+ —, e teve uma overdose no fim da sequência.

“Foi muito intenso a ponto de no último dia eu passar muito mal. Eu fui internado na UTI com sintomas de overdose. Tive uma convulsão, mas eu não lembro disso. A produção, desesperada, me levou para o hospital e, quando eu acordei, comecei a entender o que estava acontecendo”, revelou Caio em entrevista ao site IstoÉ Gente, durante viagem à Estônia.

Macedo destacou que não fez uso de drogas para compor o personagem, porém, mesmo assim, sentiu o drama da ficção à flor da pele.

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“Eu não usei nada de substância ilícitas], mas como foi no último dia de filmagens, eu tinha relaxado. Pensei: ‘Agora acabou, posso relaxar’. Em nenhum momento a gente usou alguma coisa, a gente não passou por esse tipo de vivência. Apesar disso, eu estava instigando esse lugar todos os dias. A gente tinha uma cocaína fake, que é a cocaína que a Ancine usa como referência, que é o extrato de lactose, um tipo de soro fisiológico em pó”, explicou ele, que se envolveu tanto na trama a ponto de confundir ficção com realidade.

“Tinham várias coisas que se encaixavam muito com a minha vida: eu também estava migrando do Recife para o Sudeste, tinha acabado de perder o meu pai. Então, mergulhei nesse abismo, nesse lugar desse personagem como eu nunca tinha mergulhado antes”, relembrou ele, que teve de lidar com o luto durante as filmagens.

“Esse filme me marcou de muitas formas. É um filme que ele também fala sobre luto, porque o personagem principal vai para o Rio de Janeiro, porque perdeu a avó. E no processo de laboratório do filme, eu perdi o meu pai. O meu luto se misturou com o luto do Gabriel. E foi uma experiência que é ainda muito difícil falar sobre isso. Porque, às vezes, a barreira que me separava do personagem, balançava”, disse ele, emocionado.

Aos 30 anos de idade e viajando pelo mundo para promover o filme do qual é protagonista, Caio Macedo tem realizado alguns de seus desejos mais antigos, inclusive o de trabalhar com cinema — arte que demorou para conhecer, pois morou até os 17 anos de idade em São José do Egito, Sertão do Alto Pajeú, em Pernambuco.

Segundo ele, não havia cinema na região e sua primeira vez assistindo a um filme nas telonas foi quando se mudou para Recife, capital do estado.

“Eu saí de lá logo depois da escola e fui fazer faculdade no Recife. Apesar de lá ser uma cidade que oferece muito de cultura popular, de poesia, não tem teatro, não tem cinema, não tem grandes casas de arte, nem museu. Então, o contato com a poesia que eu tive foi com a poesia popular e a arte popular. E isso está em um lugar de muito carinho e de muito respeito também. É uma referência muito importante que montou o artista que eu sou hoje”, celebrou ele.

Fazendo parte também do filme “Prédio Vazio”, que vai estrear no “Fantasporto”, festival de cinema fantástico do Porto, em Portugal — um dos maiores festivais de cinema de gênero no mundo — Caio foi questionado a respeito de a que ele atribui o sucesso atual de sua carreira.

“Eu não gosto nem de dizer que é um presente do universo. Foi através de muito trabalho, sabe? As pessoas estão cada vez mais investindo nesse lugar alternativo, no nosso cinema independente, fazendo coisas com baixíssimos orçamentos. Mas o legal disso é que a gente está conseguindo colher frutos muito importantes. E esse reconhecimento nesses grandes festivais do mundo é uma prova disso. Fiquei muito feliz, muito feliz com essas notícias”, comemorou.

 

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